Dá para queimar etapas no Desenvolvimento Mediúnico?
- Marcos Adriano Vargas
- 18 de fev. de 2019
- 3 min de leitura
Muitos médiuns umbandistas têm pressa em seu desenvolvimento mediúnico e já querem sair dando passes e consultas incorporados, mas não é bem assim.
A compreensão necessária é que o desenvolvimento mediúnico é um processo gradual e, como tal, tem etapas muito bem definidas.
Quando se descobre médium, o fiel é tomado de assalto e normalmente não sabe o que fazer. Muitas vezes acaba recorrendo às redes sociais procurando soluções milagrosas e de preferência rápidas. Sabemos que a internet é rica de informações, mas nem todas são confiáveis. Nesse caso, o melhor a ser feito é procurar um terreiro de Umbanda próximo da sua casa, cujo sacerdote dirigente seja sério e estudioso da Ciência Divina, e comece a frequentá-lo durante alguns meses. Nesse período, aliás, o neófito pode (e deve) visitar vários locais aonde se pratique o ritual de Umbanda, até que encontre um cujo magnetismo seja a fim ao seu.
Uma vez localizado o terreiro e depois de frequentá-lo por algum tempo, é chegada a hora de falar com o sacerdote dirigente e verbalizar que deseja desenvolver a sua mediunidade para, oportune tempore, poder trabalhar. É importante que se diga que nem todos os Templos da nossa Sagrada Umbanda possuem um método de desenvolvimento mediúnico de pessoas que não integram a corrente mediúnica. Se isso ocorrer, o medianeiro terá que procurar outro lugar.
Uma vez integrado à egrégora do terreiro o iniciante deverá estudar a doutrina da casa e dos Orixás regentes da coroa do sacerdote, cientificando-se se ele se identifica com o trabalho ali realizado. Feito isso, deverá estudar a história da Umbanda, as diferenças entre ela e outras religiões, o fenômeno da mediunidade e as suas várias espécies, como elas se manifestam, as Linhas de Trabalho, as 7 Linhas de Umbanda cultuadas no terreiro, firmezas, preceitos e tudo aquilo que possa formar um arcabouço mínimo de conhecimento para que, dali por diante, tenha condições de falar da religião e de ajudar outras pessoas. Esse processo pode levar meses e até mesmo anos!
Já a incorporação, ela costuma ser algo muito almejado pelos médiuns umbandistas e nesse aspecto é importante que compreendam que cada pessoa tem a sua individualidade e u seu tempo.
O desenvolvimento mediúnico não é só incorporar espíritos, mas um processo complexo que compreende a reforma íntima do médium, o estudo contínuo e ininterrupto da Ciência Divina, as sucessivas e repetitivas incorporações das várias Linhas de Trabalho existentes, identificação do nome simbólico dos seus Guias, do seu ponto riscado e de um conjunto de informações e práticas que pode variar de terreiro para terreiro.
Incorporar Caboclo, Preto-Velho e Exú durante o desenvolvimento mediúnico é relativamente fácil e irá depender do grau de envolvimento e responsabilidade do médium; manter a incorporação por horas, com qualidade, respeitando os limites do seu corpo, para que as Entidades possam realizar um trabalho proveitoso, aí já é outra história!
E quando isso acontece (incorporação) alguns médiuns acham que estão prontos para ingressar na corrente de atendimento incorporados, mas nem sempre isso é possível.
O que nós, encarnados, vemos e sentimos diverge do que realmente ocorre na realidade espiritual.
Nem todo médium que já incorpora os seus Guias está liberado para as consultas! É necessário que os seu corpo espiritual e físico estejam preparados e suficientemente equilibrados para essa árdua tarefa mediúnica. E nem todos compreendem isso!
Se assim não for, ou seja, se etapas forem queimadas durante o processo de desenvolvimento mediúnico (que na verdade nunca acaba), o risco de algo dar errado é MUITO GRANDE.
Mas o que pode dar errado? Muitas coisas!
Se o medianeiro não estiver suficientemente pronto (espiritual e materialmente) e com os seus Guias devidamente firmados na natureza através de processos magísticos específicos, é grande a chance de seus Guias serem aprisionados por forças espirituais negativas e ele próprio sofrer com problemas tais como dores pelo corpo, insônia, irritação, sem falar que os seres e criaturas ativados negativamente contra o terreiro podem atingi-lo a ponto de levá-lo a depressão e doenças gravíssimas.
Ser médium não é brincadeira e requer muita responsabilidade, paciência e preparação.
É por isso que dizemos que não podem ser queimadas etapas no desenvolvimento mediúnico. Não raras vezes vemos terreiros e seus respectivos dirigentes se desequilibrando e se negativando, dando passagem aos quiumbas que assumem o lugar dos Guias e começam a atender passando-se por eles e realizando trabalhos negativos.
Além disso, entendam que tudo o que acontece com os médiuns de uma corrente é de responsabilidade do sacerdote dirigente; ele responderá perante as Leis Divinas e Espirituais, assim como as leis materiais, por tudo que ocorrer no terreiro.
Sendo assim, todo condutor de trabalhos deve ser comedido e responsável na condução de seus filhos espirituais.
Médium umbandista, não queime etapas no seu desenvolvimento mediúnico e confie no seu sacerdote dirigente!

Por
Marcos Adriano Vargas
Sacerdote e Dirigente Espiritual do TEUA
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